domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sociedade

Qual o sentido da palavra “especial”? Seria apenas um eufemismo para demonstrar, de modo menos ofensivo, que você é diferente da sociedade, e por isso merece, ou não, uma atenção a mais?
                É incrível como as palavras perdem o sentido quando as ações referentes à elas agem de modo totalmente contrário ao seus reais significados. Chegaria a ser engraçado, se não fosse deprimente.
                Não sei se o fato de me chamarem de “especial” é relevante, assim como o fato de eu ser totalmente ignorado e excluído, ou o fato de me baterem e me ofenderem constantemente.  Acho que a sociedade é um monstro gigante que inspira os pequenos problemas como se fossem vírus inofensivos.

                Será que o “vírus inofensivo” tem a capacidade de evoluir e de causar algum incômodo, mesmo que mínimo, nesse gigante monstro? Será que uma pulga pode matar um cachorro sarnento? Pelo menos o direito de tentar não nos é negado.
                Resolvo trocar as roupas. Nada. Resolvo ouvir músicas diferentes. Nada. Resolvo mudar meu estilo de cabelo. Nada.
                Resolvo apelar, mudar de vez. Vou do velho ao novo, do claro ao escuro, do cristão ao ateu, do viciado ao politicamente correto, do atleta ao obeso, da mulher ao homem. Tento o verde, o azul, o amarelo. Até mesmo o vermelho. Nada.

                 



              
                Será que o problema está mesmo comigo? Ou será que é o monstro que é muito imponente e imutável? Será que eu nunca chegarei a feri-lo, nem ao menos uma célula de um enorme tecido de seu enorme corpo? Será que esse Aquiles tem um calcanhar? É, são muitas indagações.
                Mas até lá, muito tempo me resta. Basta esperar, deixar que a maré leve e que as coisas mudem, mesmo que aos poucos. Desde que eu faça a minha parte, a de tentar ferir, uma hora o monstro terá que fazer a dele, a de sofrer.
 

4 comentários:

  1. Meu deus, não tenho nem oq dizer... totalmente incrível? talvez seja a melhor frase...

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  2. Não usaria a palavra 'desabafo'. Está mais para uma 'visão de mundo'.
    Não passa de uma crônica dissertativa.

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